Aula Inaugural

Agora, imaginemos. Sanções, punições e adequações à ordem, não nos definem. Já a autoliberação faz-nos livres para tomar posse de nossas personalidades. A educação não é uma técnica, uma economia ou uma abstração. Muito menos uma repressão à originalidade. É um saber gozar a vida. É estar para além das preocupações mesquinhas que apoiam autoridades e mestres. É a própria ruptura com a pedagogia inimiga da percurso intelectual autêntico. Devemos escapar a qualquer custo da educação obrigatória, pois esta só nos encaminha ao voto e ao serviço militar obrigatórios. Ou, até mesmo, a uma carreira profissional, porém de anseios frustrados.
Aqui não temos pressa em acabar tudo rapidamente. Não queremos obter resultados imediatamente. Muito menos é uma elaboração de um produto para consumo ao estilo fast-food. Necessitamos da lentidão - o tempo despreocupadamente levado -, do rigor - como o de uma arte venerável sem utilização previamente concebida -, e da leveza - atingir as alturas para além da literalidade do que se estuda. Que tipo de pessoa somos enquanto estudamos? Entendo ou vivo o que estudo? Que relação vital tenho com a matéria estudada? É nossa vivência expandida em todas as suas nuances que apreende o que se estuda. Por aqui há uma apropriação da força do apreendido. O que torna o saber uma força que interage com outras forças. Seus efeitos são dinâmicos e amplamente variáveis. Mas tenhamos cuidado! Essa força não se pretende um enfrentamento direto com outros saberes, ou mesmo se pretende ser instrução. Apenas quer se combinar com outras forças para ir além das que até então existem.
Portanto, sejam benvindas/os às nossas aulas.
Cultivar-se.
Formar-se.
Fazer-se.
Autodescobrir-se.
Autodeterminar-se.